Experiência de Maturidade ;

Ao som de Bon Jovi acho que seria o melhor jeito de começar. Ainda sobre as experiências amorosas, acho um tanto intrigante o fato de que um dos caras mais maduros que já me envolvi, é também o mais novo. Novo de idade mesmo. Mais novo que eu, inclusive. Acredito que foi uma das experiências mais maduras que tive. Lembro-me que ficava transtornada com os fatos. Numeremos alguns:
1. Eu estava afim de um cara mais novo que eu;
2. Eu estava envolvida como com qualquer outro cara;
3. Ele tinha experiências que muitos dos caras mais velhos que eu conhecia nunca haviam passado perto;
4. Ele era muito maduro;
5. Com tudo isso, ele ainda atendia a muitos, se não todos, os meus pré-requisitos;
Acho que isso já é o suficiente. Mulher tem esse tipo de coisa, né? Pré-requisitos. Acho que tem a ver com o gosto de cada um. Não é algo que seja essencial, mas preferencial. Enfim. Digamos que ficamos juntos por um mês ou um pouco mais que isso. Eramos decididos o suficiente para cogitarmos a hipótese de namorarmos, mas convencidos, também o suficiente, para saber que não queríamos. Nos gostávamos, nos dávamos bem e tinha tudo pra dar certo. Mas acredito que o fato de nos darmos bem demais permitia que fossemos amigos. E talvez fosse isso que não podia se perder. Ele sabia tanto de mim... E eu dele. Éramos como melhores amigos que ficavam de vez em quando. Tirávamos onda um com a cara do outro e ele foi a única pessoa que eu senti que estava comigo o tempo todo. Acordava de manhã e já trocávamos mensagens de bom dia, nem sempre delicadas. Algumas blusas dele passavam dias em minha casa e eu só usava elas. Pra tudo. Quase o dia todo. Dormia com elas algumas noites, mas disso ele nunca soube. Passávamos a manhã no mesmo lugar, almoçávamos juntos, às vezes também escovávamos os dentes juntos (ou ambos no banheiro masculino, ou ambos no feminino). À tarde, ele despistava o que podia para poder ficar alguns minutos comigo. Levava-me água algumas vezes, e eu roubava dele algumas outras. Quando eu tinha que ir, continuávamos a nos falar. Eu ia pra minha aula de inglês e quando saía, em poucos minutos ele já estava lá na porta a minha espera. Ele saía correndo e de bicicleta direto pra me encontrar. Faltava na academia, deixava de ver as aulas no inglês, de estar na casa dele mesmo em dias frios e de comer. E eu deixava de assistir às aulas da noite. Tudo para que ficássemos horas conversando. Muitas das vezes passando frio. Isso inclui quando eu estava com a blusa dele e ele apenas de camiseta. E quando chegava a hora de ir, era como se nada estivesse acontecido. A não ser pelo fato de ele me ligar quando chegava em sua casa, perguntando se eu tinha chego bem e o que estava comendo. E passávamos horas ao telefone a noite. Até irmos dormir. E no outro dia isso se repetia. E aos fins de semana, eu o acordava para alguns compromissos. E dávamos um jeito de nos vermos algumas vezes. E nas outras passávamos o dia todo conversando, fosse por telefone, mensagens, ou internet mesmo. Éramos cúmplices. Ele era o único que sempre sabia onde eu estava, ou como eu estava me sentindo. E eu sabia dos problemas dele. E ele desabafava comigo. E éramos felizes. E ele cuidava de mim, até quando eu não me lembrava por ter tomado aquele porre. Ele cuidava de mim de um jeito que ninguém nunca havia cuidado. E eu permitia, acho que esse era o detalhe. Nunca nos importamos com o que diziam de nós. Que namorávamos, que estávamos errados e todo o resto. Nunca namoramos. E quando perguntavam, apenas ríamos e dizíamos que eramos amigos. Claro que eles sabiam. Claro que nós sabíamos que eramos únicos um pro outro. E é claro que uma hora a sanidade veio e a liberdade falou mais alto. Quando fiquei com outro cara, senti como se tivesse o traído. E quando ele me contou que tinha ficado com outra garota, jurei pra mim mesma que nunca mais o beijaria. Não sei se será verdade. Eu voltei a assistir minhas aulas. E ele voltou pra academia e pro seu aconchegante lar. Era como voltar à rotina. Como se tivesse sido uma história de verão. Continuamos amigos. Conversávamos vez ou outra. Nos distanciamos e a amizade prevaleceu e prevalece. Sinto dizer que lembro daqueles dias frios, mas que saudades não sinto. Sei que foi bom. Sei que foi tudo o que eu precisava naquele momento. E fomos maduros o suficiente pra entendermos que o fim tinha chego, dessa vez sem sofrimentos pra nenhum de nós; e aceitamos isso. Mesmo que ninguém tenha dito que era o fim. Nos dávamos bem demais para apenas entender, não seria preciso dizer. Lembro feliz, mais do que sinto falta. Não sei explicar. Lembro que foi bom. Mas é como se não se encaixasse pra minha vida agora. Mas sempre vou lembrar com muito carinho das vezes em que ele me abraçou a cintura ou pôs o braço em meu ombro em sinal de que estava do meu lado. Sempre vou lembrar do jeito com que ele me esquentava e me fazia rir. Vou me lembrar do roxo decorrido de nossas brincadeiras que permaneceu no meu joelho por semanas. E das madrugadas relutantes ao sono em que passamos tentando ver filmes. E do jeito que ele tinha de me dizer: "Linda, não fique brava!". E vou me lembrar de todas as ligações, e todas as mensagens com muita doçura. Sabendo que o levo comigo pra sempre. Não só como a experiência amorosa mais madura que já tive, mas como um laço que nunca será desfeito.

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